pepitão

parece que foi ontem, mas seis meses se passaram desde que a elisa me ligou e avisou que eu ficaria com a pepa e pepita como lar temporário. naquela época estava indo morar sozinha e isso abria a possibilidade de eu ajudar o aug mais ativamente.

a idéia de ter um lar temporário é estranha. ao mesmo tempo que o sentimento de satisfação por ajudar é enorme, o medo de se apegar demais e não conseguir doar aquele gatinho que ficaria por tempo indeterminado e certamente cativaria meu coração era tão grande quanto.

quando fui buscar as duas na casa da ju, de cara me apaixonei pela pepa. ela era a mais engraçadinha, charmosa e carinhosa. a pepita era assustada e medrosinha, preta e branca, rabo quebradinho, sem muito “diferencial”.

as primeiras semanas foram um terror. a pepa era carente demais e não me deixava dormir. muitas vezes pensei em adotá-la. com o tempo, passei a deixar a pepa soltinha. logo ela foi adotada e pela primeira vez desde que me apaixonei por gatos e assumi o compromisso de ajudá-los, tive a sensação de dever cumprido.

neste meio tempo, descobri que a pepita tinha problemas renais. quando soube, fiquei desolada. parecia o veredito final. uma gata que chegou bebê para a ju. amargou anos de abrigo. era o cão de braveza. ninguém podia encostar nela. rabo quebrado, preta e branca, cabeçudinha, falta um dentinho na frente, não é bebê... quem ia querê-la??

por um tempão ela foi minha única filha temporária. neste período, para que ela não se sentisse tão só, eu a deixava solta quando estava em casa. a adaptação com os meninos foi muito tranqüila, pois por meses eles ficaram se conhecendo pela fresta da porta.

quando menos esperei, a pepita estava se esfregando em mim, mostrando a barriga para que eu fizesse carinho, cheirando meu cabelo e dormindo do meu lado na cama. acho que a quantidade de remédios que eu dei para o tratamento renal, homeopatia, idas ao pro-vet para exames de sangue e urina a fizeram ver o quanto ela é querida e que existem sim humanos – sem falsa modéstia – que são bons de coração e tem respeito pelos animais!

acho que desde que eu descobri que a pepita era renal, criei fortes laços com ela. a sensação dela ser uma gata fadada a não ter lar me partiu o coração. acho que a palavra certa é abriu. a pepita abriu meu coração e me mostrou que não importa a condição física, mas sim a força da alma. e a alma dela é forte demais. tão forte que tocou a minha profundamente.

apesar de estar há tempos com o aug, a pepita nunca recebeu um formulário de adoção. anos e anos de espera e os interessados em gatinhos sempre preferiam os bebês, ou os amarelinhos, os azuis, mas a pepitinha sem atrativos físicos foi ficando de lado.

só que este tempo acabou. já faz semanas que estou para anunciar isso, mas faltava a certeza. pois agora ela existe. a pepita acaba de entrar oficialmente para minha família. ela é parte integrante. minha filha, irmã do miguel e nicolau e por isso, torna-se oficialmente a maria pepita pinheiro, por que lá em casa todos tem nome e sobrenome.

bem-vinda minha pequenina. minha única menininha. querida e muito amada. perfeita e maravilhosa para os olhos da mamãe. que seus dias aqui comigo sejam repletos de alegria. que eu consiga te proporcionar a mesma alegria que vc me dá. que nossa companhia seja longa e feliz!

agora me sinto completa! não fazia mais sentido olhar o site todos os dias e ver a foto da minha filha ali para adoção! afinal, ela já tem família, a busca terminou!

ju, obrigada pela filha linda que me deu! agora nossa família está completa.