sábado, 17 de abril de 2010

ritinha



faz tempo que eu queria escrever este post, mas sempre acho que ela não vai sair à altura que o assunto merece e desisto. ou pq eu acho que preciso de mais tempo, ou de mais inspiração, mas isso não é mais novidade para as pessoas que eu amo e convivem comigo.

eu nunca quis ter três gatos, muito menos quatro, moro sozinha num apartamento pequeno e sempre penso na qualidade de vida deles. mas o fato é que quando vc trabalha com proteção animal, as coisas vão acontecendo e muitas vezes se perde o controle da situação. o contato com os animais que precisam de ajuda e as histórias comoventes ficam mais próximos e cada rostinho toca fundo, ao ponto de vc perder noites de sono pensando nos gatos que estão na rua e não tiveram a sorte de cruzar com alguém que simplesmente faça o que tem que ser feito. parar e tirá-lo da rua!

todas as vezes que resgatei um gatinho ou abri minha casa para cuidar deles, eu nunca pensei bem no que podia acontecer depois. quem lê as histórias felizes não tem muita noção que alguém teve que abrir mão de um quarto, de um banheiro e muitas vezes, como no meu caso, de dormir na sua própria cama para que um ser inocente não corresse perigo na rua.

muitas vezes eu me peguei chorando, desesperada, porque eu estava vivendo num caos, cheia de gatos em casa e dormindo no sofá para que uma gravidinha pudesse ficar isolada no meu quarto. pensei em desistir, mas no fundo, alguma coisa sempre me mostrava que eu estava certa.

em janeiro do ano passado, recebi um pedido de ajuda da susan. muitos de vocês conhecem a história, pois já relatei aqui diversas vezes. uma gata arisca, pretinha, que por não ter chances nenhuma de adoção talvez voltasse para as ruas. todas as voluntárias estão sempre tão cheias de gatos e um arisco é sempre um problema, pois quase ninguém quer abrir seu coração para abrigá-los. a maioria das pessoas quer gato bonito, cheiroso e que goste de colinho. quem não quer, né?

depois de algum tempo trabalhando com estes pequenos, comecei a perceber que o que me importava mesmo era o bem estar deles e não os carinhos que eles me ofereciam. que para um gato me fazer feliz ele tinha que estar seguro, salvo e tranqüilo, sem se preocupar com maldade ou com a refeição de logo mais. e foi por isso que eu aceitei cuidar da rita. mesmo com a chance dela nunca achar sua alma gêmea humana e eu ter que cuidar da pequena por um longo período.

foram seis meses sem saber como ela era, pois a pretinha vivia escondida em uma prateleira do quarto dos meus temporários. mais uns três meses para que ela me deixasse chegar perto. e uns dois meses mais para que eu conseguisse passar a mão na pequena pela primeira vez. as melhoras eram tão sutis que quase não se percebia. até o dia que eu resolvi soltá-la com meus gatos, pois morria só de pensar que ela estava vivendo há um ano em um quarto fechado e pequeno.

solta em casa ela passou a ter que conviver com três gatos mimados e safados que odiaram a presença de um quarto elemento num lar que eles já dominavam completamente. ela ficou alguns dias embaixo da máquina de lavar roupas. tive que preparar um cantinho para que ela pudesse comer e beber sem tomar bordoadas. aos poucos ela foi saindo de lá e arriscando explorar outros ambientes da casa.

até hoje ela ainda não circula pela casa e nem dorme comigo e os meninos, mas pelo menos ampliou o número de esconderijos e vive circulando entre eles. com homeopatia ela conseguiu socializar um pouco mais comigo. de vez em quando arrisco pegá-la no colo, mas ela entra em pânico e eu logo solto. quando me vê ela dá um gritinho me chamando e isso enche meu coração de orgulho. cada melhora é uma alegria só.

o que eu não sabia, quando topei cuidar da rita, é que a alma gêmea humana dela era eu. e que o universo, sabiamente, nos apresentou, de uma maneira meio torta, para que a gente nunca mais se separasse. e a única coisa que me resta é aceitar isso e oficializar a adoção da pequena. só de pensar que uma possível adaptação seria desgastante, estressante e faria com que ela perdesse toda a confiança que eu ganhei neste ano, meu coração aperta.

é muita traição ganhar a confiança de um ser tão frágil e delicado, que morre de medo da própria sombra, mas que confia em mim e por isso me mostra como é delicada e carinhosa e depois simplesmente sumir da vida dela sem que ela entenda absolutamente nada. não posso deixar que ela regrida na adaptação com os humanos e com gatos. não posso abrir mão das esfregadinhas na minha mão quando estamos sozinhas e nem das escovadelas diárias cheias de mordiscadas carinhosas. não posso e não quero.

e é por isso que, a partir de hoje, dia 17 de abril de 2010, eu anuncio, oficialmente, que minha família tem um novo membro: minha quarta filha e irmã do senhor nicolau, do miguel cara preta e da lorena sonho azul: a rita veludinho!

obrigada as madrinhas que ajudaram neste período e aos amigos próximos que torceram por nós! agora a pequena tem casa, mãe e irmãos e só precisa da boa energia de vocês! obrigada a susan por me pedir ajuda e por confiar em mim para cuidar dela. e obrigada a dra. angélica que com suas mãos mágicas e muita homeopatia conseguiu avanços no comportamento da pequena.

abraços

9 comentários:

Andrea Sassaki disse...

Nossa, chorei. Acho que nunca havia comentado aqui, mas leio seu blog sempre e lá no fundo, sabia que a Ritinha seria sua!
PArabéns por ter um coração tão lindo e parabéns à Ritinha, por sabê-lo abrir!
Um beijo e que sua família seja sempre feliz!

Teleoperadora disse...

Parabéns, Luísa! Tô com um terceiro gatinho aqui em casa e nunca me imaginei com mais de 2. Mas não me vejo fazendo diferente e ignorando ele todo machucado do jeito que o vi. Acho que você não consegue imaginar um outro traçar da história em que a Rita vai embora da sua casa, né?

Lucia Fontes disse...

Parabéns, Luisa! Tô superfeliz por vocês! Família linda! Beijos...

Silvia disse...

Owww... parabéns a nova integrante da família :) sem palavras!!! só alegria!!! um lindo final de semana! bjocas

Kamagrinha disse...

Eu fui madrinha da Ritinha por 1 ano! E no meu que renovei minha programacao de pagamentos para os proximos 12 meses, ela nao precisa mais... Que alegria. Eu moro longe, longe mas sempre acompanhei de pertinhos a vidinha da Rita. E meu coracao se enche de alegria ao saber que ela tem um lar definitivo.
hehhe. Agora tenho que arrumar outro afilhado (a) lindinho.

Kamagrinha disse...

Eu fui madrinha da Ritinha por 1 ano! E no meu que renovei minha programacao de pagamentos para os proximos 12 meses, ela nao precisa mais... Que alegria. Eu moro longe, longe mas sempre acompanhei de pertinhos a vidinha da Rita. E meu coracao se enche de alegria ao saber que ela tem um lar definitivo.
hehhe. Agora tenho que arrumar outro afilhado (a) lindinho.

Nós 4 disse...

Eba!!!! Acho que ng nesse mundo devia viver sem um pretolino do lado. Se for especial que nem a Ritolina então...

Kelly Resende disse...

Que legal, parabéns por mais uma adoção! Sei bem como é isso, tb estou com 5 gatos, enquanto queria só 2, sendo que um era uma fera e ainda é bem arisco e uma é especial, a gente não como virar as costas né.
Abraços

INSPIRAÇÕES disse...

Ai eu até chorei agora !!!!!


Linda ela, e obrigada por ajudar a Ritinha tenha certeza que com o tempo e dedicação ela irá te fazer muito feliz, a minha menina Brida também foi assim e hoje ela é tudo pra mim .... Amuuuu a minha branquela e ela me retribui muito ....
Felicidadesssss a família ...
beijusssss